Aqui é Meu Lar 2022 encerra nesse sábado visitando a agricultora e empreendedora Rosane Meggiolaro Cappelletti

A Miriam Caravaggio 95.7 FM, veicula neste sábado, 17, o último programa “Aqui é Meu Lar”, com o tema “Essas Mulheres”, que trata do protagonismo feminino na agricultura e aborda o trabalho da mulher no interior, com sua visão empreendedora, capacidade de gestão, as dificuldades e os avanços diante de uma sociedade conservadora e preconceituosa. O destaque da entrevista é Rosane Meggiolaro Cappelletti, moradora da Capela Santos Anjos, 4º Distrito de Farroupilha. Uma liderança do setor vitivinícola, empresária e agricultora.

Rosane nasceu na comunidade de Monte Bérico, 2º Distrito de Farroupilha, e morou com os pais até os 24 anos, ajudando na plantação de frutas (pêssego, ameixa, caqui e uva). Ela conta que, quando jovem, ajudava o pai e um tio levar os produtos para a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) em Caxias e mais tarde em Porto Alegre, para onde viajava em torno de três vezes por semana para comercializar os produtos naquele estabelecimento. “Me criei fazendo Ceasa”, disse. O sonho dos pais era para que estudasse, mas não era esse o caminho que ela pretendia traçar. Após completar o Ensino Médio, cursou um pré-vestibular visando uma faculdade, porém não conseguiu ser aprovada no vestibular. No entanto, o destino a conduziu de volta para onde ela mais gosta de estar, na agricultura. “Também não me arrependo, pois trabalhando com meu conhecimento eu consegui atingir o que eu precisava e o que eu queria, consegui atingir”, avalia.

Casada com Daniel Cappelletti, eles tem dois filhos, Lucas, 16 anos e Luiza, 11 anos. Ele nasceu na Capela de Santos Anjos, na mesma propriedade onde mora até hoje, inclusive é a quarta geração da família a trabalhar na propriedade. Com 44 anos de idade, Daniel sempre trabalhou na agricultura, embora tenha sido caminhoneiro por um período e trabalhado com corte de lenha. Ele diz que não teve interesse em estudar e seguir outro caminho, que não seja o da agricultura, trabalho que sempre desejou. A atividade da família era uva e lenha para caldeira, onde aprendeu muitas lições do pai (in memorian) e do nono Dante.

Em busca de novas alternativas de renda, a família Cappelletti criou em 2000 a cantina para produção de vinho. Depois de casado com Rosane, os dois decidiram empreender mais e entrar no ramo do envase. Os negócios não pararam por aí, hoje o complexo da Vinícola abriga um restaurante com comida típica, um varejo para a venda direta dos produtos derivados da uva, outras bebidas e um espaço para eventos, como casamentos, formaturas, aniversários e outros. Daniel é o mais novo dos três irmãos sócios dos empreendimentos. O cuidado com os vinhedos coube ao irmão mais velho, o segundo irmão é responsável por uma transportadora de propriedade da família. Ele e Rosane cuidam da Vinícola na produção de vinhos, elaboração e engarrafamento.

O casal desenvolve suas atividades junto à cantina em um processo de alta competitividade no mercado vinífero. Daniel destaca que depois que Rosane começou a se envolver, houve uma nova etapa nos negócios. “Eu aprendi muito com a Rosane, ela veio de um jeito diferente, ela era mais do comércio. Nós aqui era só produção e ela tem a parte de vendas. Então foi aí que as coisas começaram a evoluir, com a venda e novos clientes”, elogia. Rosane teve a ideia de criar o varejo e mais tarde um restaurante, para atender nos finais de semana quem procura esse tipo de lazer. São turistas da região e excursões de outros estados e municípios que visitam cantinas a procuram de gastronomia típica e passeios nos vinhedos da Serra.

A produção do vinho da cantina vem de uma área plantada de uva de 29 hectares, que produz uma média de 600 toneladas do produto ao ano. O parreiral tem uva de mesa: violeta, bordô, magna, lorena, moscato embrapa e isabel, que rende em média um milhão de litros a cada safra. A produção do vinho e espumante também é completada com a compra da uva de alguns vizinhos e outros fornecedores. A empresa adotou um método justo para com quem vende a uva: pagar na mesma safra, ou seja, dar prioridade aos fornecedores e somente depois investir nos negócios. No passado recente se produzia vinho para venda à granel, mas devido ao baixo lucro, se tornou inviável esse tipo de produção e a decisão foi trabalhar com o vinho engarrafado.

Lucas é o filho mais velho do casal e com 16 anos de idade estuda no Colégio Farroupilha, onde cursa o Ensino Médio. No turno adverso às aulas ele ajuda a família na cantina. Seu plano para o futuro é cursar alguma especialidade na área de Computação. Luiza tem 11 anos e cursa a 6ª Série na escola Padre Vicente Bertholdo. Apesar de jovem, ela já planeja cursar Enologia para trabalhar na Vinícola. Hoje, nas horas de folga da escola, ela ajuda na empresa, talvez possa ter saído daí o interesse pela profissão desejada. Um casal de filhos ainda em fase de descoberta, mas já dando os primeiros passos para o futuro. Ao lado de Daniel e Rosane, os dois seguem o exemplo dos pais. Sobre a mãe, Luiz diz que é “muito trabalhadora”. Para Lucas, ela trabalha bastante e quando ele não está muito disposto, a mãe o intima e faz perceber de onde vem os recursos para atender as necessidades, ou seja, do trabalho.

Daniel diz que conhecer Rosane foi bom demais, tê-la inicialmente como amiga e mais tarde, esposa. Eles eram amigos desde jovens por influência das famílias, pois havia uma boa relação entre ambas. Os dois saíam juntos com grupos de amigos para as festas e celebrações na comunidade e região, mas não passava de simplesmente uma amizade entre dois jovens. Rosane diz que Daniel tentava se aproximar, mas ela não estava a fim. “Eu era meia lisa, mas enfim de tanto ele insistir foi que os pontos se cruzaram e a gente começou a namorar. Namoramos seis anos e se casamos em 2004”, conta. Ela não esquece também que antes, o namoro chegou a ser interrompido, mas mais tarde foi reestabelecido e aconteceu o Matrimônio.

Após o casamento, ela foi para a casa de Daniel trabalhar na produção de vinho à granel e nas parreiras, uma atividade diferente daquela que fazia com seus pais em Monte Bérico, que era produzir frutas e vender na Ceasa. Conta que no início não foi fácil quando percebeu que não havia muito o que fazer em Santos Anjos, a não ser assumir o papel de uma dona de casa. Para quem era acostumada a trabalhar no pomar, não estava nada confortável a nova realidade. Em alguns momentos até pensou em voltar para casa dos pais. Todavia, com a expectativa de que surgiria trabalho na propriedade, Rosane se conformou. Depois veio o inverno, iniciou a poda e a amarração das parreiras e ela teve ocupação.

Passada essa fase, um cliente do Mato Grosso sugeriu que a cantina passasse a engarrafar vinho, porém a falta de conhecimento e estrutura para o novo processo gerou dúvidas para a iniciativa, mas eles foram em frente. No início foram 50 garrafões para vender aos amigos, como a demanda cresceu foi necessário registrar a marca “Vinhos Cappelletti”. O processo de envase que inicialmente começou no porão da casa, foi crescendo nas mãos de Rosane e sua sogra. Enquanto os homens iam para o parreiral, Rosana e a sogra envasavam os garrafões, utilizando uma mangueira para encher os vazilhames e uma máquina manual para lacrar a tampa. Com o crescimento do negócio, foi necessário construir um pavilhão e modernizar a Vinícola.

Assim aconteceu a expansão da cantina. Rosane diz que sempre foi uma pessoa de querer fazer mais e nunca ficar parada. “Teve a Vinícola, depois veio o engarrafamento, depois a necessidade de ter uma loja. Os meus sogros atendiam os clientes na porta da expedição e como a demanda começou aumentar, ficava chato atender os clientes na expedição. Aí eu disse: vamos fazer a loja. Eles me apoiaram”, agradece. No entanto, os planos de Rosane não encerraram na loja, seis anos depois, diante de uma nova tendência que é a procura por restaurantes típicos em ambientes de vinhedos, ela sugeriu que fosse instalado o empreendimento no local para atender um público específico, que costuma almoçar nas vinícolas. Apesar da proposta não ter sido muito acolhida na época, ela justificou que seria importante para a marca Cappelletti, pois poderia servir os próprios produtos no restaurante e assim expor seus rótulos.

O restaurante iniciou há dois anos e serve almoço ao público nos três primeiros domingos de cada mês e nas sextas e sábados aluga para formatura, aniversário, casamentos e outros. Os elogios de Daniel à companheira são inúmeros. “A Rosane é sempre para frente, com ela não tem preguiça, quer sempre evoluir, crescer, quer sempre conquistar mais espaços. Hoje ela é presidente da Afavin, se envolve em casa, se envolve na comunidade”, elogia. Ele tem toda a razão, ela é uma das integrantes da cozinha nos eventos da comunidade de Santos Anjos, ajuda na organização de festas  e em outras ações na sociedade farroupilhense.

Daniel deixou de ser caminhoneiro para cuidar da produção da Vinícola, porque a atividade cresceu e hoje exige tempo integral. “Estou mais contente em estar em casa com a família do que estar em volta. Não é fácil a vida de caminhoneiro, não é fácil também estar em casa, tem bastante serviço. É sempre a mesma rotina, começa segunda engarrafando e termina a semana lavando garrafão e entregando. Nós da Vinícola é sempre safra o ano inteiro, tem a poda, colheita e manutenção”, relata. Ele conta que agora no final do ano tem muitos pedidos, depois vem a safra, elaboração dos vinhos, engarrafamento no inverno e limpeza da cantina. “Quem tem Vinícola é que nem ter uma vaca de leite, não tem sábado e não tem domingo”, compara.

Rosane ocupa ainda o cargo de presidente da Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (Afavin). Está no quarto ano de mandato e pretende deixar a função no próximo ano. Na entidade, ela participa intensamente na organização de eventos e disse que faz com muito prazer, porque gosta e acredita que vem de dentro esse perfil de estar sempre atuando. Para ela foi herdado da avó essa disposição de querer sempre estar na frente e ir em frente.

Diante disso, não é difícil entender porque Daniel não poupa elogios à companheira. Para ele, quando um homem começa pensar na vida, precisa encontrar alguém que seja do mesmo nível de pensamento e compreensão, pois é justamente isso que encontrou na esposa. Já ela sugere que é muito importante persistir e sonhar. “Embora nem sempre se alcança o sonho, mas não pode desistir, tem que quer, baixar a cabeça e trabalhar, fazer acontecer e não ficar esperando pelos outros. Conquistar com o seu próprio suor, aquilo que vem de graça sai de graça também e tudo o que a gente conquista e faz do próprio suor é valorizado, a gente sabe dar valor. Sonhem, mas não desistam, sejam persistentes que as coisas acontecem”, aconselha.

AQUI É MEU LAR

É um projeto da Miriam Caravaggio 95.7 FM, que propõe aproximar ainda mais a emissora do interior de Farroupilha. Constitui-se em uma proposta específica que envolve esses moradores, com abrangência no município. “Aqui é Meu Lar”, visa discutir a sucessão rural, o protagonismo feminino na agricultura, as condições dos nossos agricultores, envolvimento com as comunidades, o cooperativismo e as políticas públicas e seus direitos.

Esta foi a quarta edição, veiculada nos meses de outubro, novembro e dezembro, aos sábados, às 10 horas, na sintonia 95.7 FM, site e aplicativo. A produção e captação do conteúdo, imagens, áudios e vídeos, exigiu uma peregrinação semanal pelo interior para conversar com as famílias. Cada ano é definido um tema, em 2019 “Sucessão Rural”, 2020 “O envolvimento das famílias com as comunidades do Interior”, 2021 “Cooperativados: uma relação mútua” e 2022 “O protagonismo feminino na agricultura. Essas Mulheres”. O tema do próximo está em aberto e pode vir a partir de sugestões da comunidade

Confira as fotos da propriedade de Rosane Meggiolaro Cappelletti:

Rosane faz o convite para acompanhar o programa:

 

OUÇA O PROGRAMA COMPLETO – 17/12/2022
https://miriamcaravaggio.com.br/wp-content/uploads/2022/12/ROSANE-17-12-NO-AR.mp3?_=1

 

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Fotos e vídeo: Divulgação/Vinícola Cappelletti, Gleici Trois, Mari Kowalski e Evelyn Da Silva

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