Especialistas discutem abordagem e tratamento para surtos psicóticos em sessão na Câmara

Representantes do Centro Integrado de Saúde Mental (Caisme), da Associação de Pais e Amigos dos Autistas (Amafa) e da Brigada Militar participaram de uma sessão na Câmara de Vereadores para discutir a realidade de famílias e pessoas que enfrentam surtos psicóticos. O encontro abordou formas de abordagem, tratamento e o papel das forças de segurança nessas ocorrências.

A psicóloga Eliane Veronese, coordenadora do Caisme, explicou que surtos psicóticos geram uma perda temporária de conexão com a realidade, mas podem ser controlados com tratamento adequado e apoio familiar. Segundo ela, não há uma abordagem única para lidar com essas crises, pois algumas pessoas precisam de tempo e espaço, enquanto outras necessitam de contato e sensação de segurança.

O comandante do 36º Batalhão da Brigada Militar, tenente-coronel Giovani, destacou que a corporação geralmente atua junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) nesses casos. No entanto, quando o chamado ocorre pelo 190, nem sempre há clareza de que se trata de um surto psicótico, o que pode dificultar a resposta inicial.

A diretora da Amafa, Aline Daros da Rosa, ressaltou que acessórios de identificação, como cordões personalizados, podem facilitar a comunicação. Pessoas com autismo utilizam o símbolo do quebra-cabeça colorido, enquanto aqueles com deficiências ocultas usam o girassol. Além disso, os crachás de identificação com QR Code fornecem informações sobre como agir diante de uma crise.

Os vereadores questionaram o comandante sobre os protocolos da Brigada Militar em abordagens a pessoas em surto. Giovani explicou que o procedimento segue etapas graduais, começando pelo comando verbal e podendo avançar para o uso de arma de choque, balas de borracha e, em casos extremos, arma de fogo, sempre priorizando a segurança de todos os envolvidos. Entretanto, ele alertou que as circunstâncias nem sempre permitem a aplicação rígida dessas diretrizes.

Por fim, Eliane Veronese enfatizou a importância do acompanhamento familiar no tratamento dessas pessoas, uma vez que crises podem ocorrer devido ao abandono da medicação ou mudanças na dosagem. “Monitorar esse período de adaptação é essencial para evitar agravamentos“, concluiu.