Estiagem em Farroupilha: laudo técnico indica que os prejuízos já ultrapassam 70% em algumas culturas

A estiagem que assola o Rio Grande do Sul vem fazendo com que municípios emcaminhem documentos técnicos para decretar situação de emergência. É o caso de Farroupilha, onde o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, por meio da presidente e chefe do Escritório da Emater-RS/Ascar, Márcia Georg, esteve realizando levantamento de dados. Na tarde desta segunda-feira, 10, será feita a entrega do laudo técnico à Administração Municipal, a fim de embasar o decreto de situação de emergência que, posteriormente, será encaminhado para o governo do Estado.

De acordo com o presidente do Sindicado dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Farroupilha (Sintrafar), Márcio Ferrari, algumas culturas já contabilizam perdas expressivas, sendo que, com o tempo, os prejuízos devem ser ainda maiores. Nos parreirais, alguns tipos de uva precoce, como bordô, niagara, violeta e chardonnay, a perda já é de 40%. Na cultura do pêssego, principalmente os tardios, como chiripá e eragil, estimasse 70% de prejuízo. Para os agricultores que plantaram o milho cedo, as perdas ficam entre 80% e 100%. “Os números são referentes as perdas até agora, só que as perdas vão aumentar”, salienta Márcia, da Emater.

Ferrari acrescenta que, entre as plantações que ainda devem contabilizar prejuízos nesta estiagem estão o kiwi e caqui. Os agricultores já relatam falta de água para o desenvolvimento dos frutos e estragos devido as altas temperaturas no final de 2021 e início de 2022. Na uva, além da perda em volume, haverá baixa na qualidade da fruta. No milho, além da perda nos grãos, aqueles que o utilizam para cilagem (aliemento para as vacas) terão redução na produção de leite, por conta do baixo valor nutritivo. “Os impactos na agricultura vão ser muito grandes e por um período muito longo, infelizmente”, revela.

Se aprovado, o decreto irá ajudar quem têm custeio ou investimento por meio de financiamento bancário, permitindo a renegociação dos prazos de pagamento, como também repasses do governo do Estado ao município. Conforme Márcia, os agricultores estão vivenciando estiagem há pelo menos três anos e isso faz com que as famílias não consigam boa renda, impedindo investimentos nas safras seguintes. De acordo com o secretário de Agricultura, Fernando Silvestrin, já na próxima reunião, o conselho irá trabalhar para o desenvolver políticas públicas e projetos que minimizem as estiagens no futuro. “Não dá para discutir o assunto só quando acontece. A gente tem que começar a debater agora e ver um programa para tentar amenizar esse problema”, conclui Silvestrin.

Ouça a entrevista completa com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural:

 

Foto: Divulgação/Sintrafar