Aqui é Meu Lar deste sábado apresenta a família Girelli que além da música produz uva e pêssego em Santo Antônio da Linha Jacinto

A Rádio Miriam Caravaggio apresenta neste sábado, 20, a oitava entrevista dentro do projeto “Aqui é Meu Lar”. Este ano o foco é o cooperativismo, com o tema, Cooperativados: uma relação mútua. O programa aborda a trajetória das famílias associadas às mais diversas cooperativas ligadas direta ou indiretamente aos agricultores. As entrevistas ressaltam a importância do sistema para o crescimento e desenvolvimento da agricultura no município de Farroupilha, na caminhada das famílias, que tem no cooperativismo uma forma de produzir com segurança e rentabilidade. Também, o processo de compra da produção, assim como na assistência técnica, qualificação, financiamentos para a estrutura das propriedades, aquisição de insumos, sementes e equipamentos. O projeto vai até o dia 18 de dezembro, todos os sábados às 10h da manhã.

O oitavo programa deste ano é com a família Girelli na Linha Jacinto, capela de Santo Antônio (2ª Distrito de Farroupilha). Associada à Cooperativa Nova Aliança, a família trabalha na produção de uva e pêssego. A música também faz parte da rotina, dom que já alcança a quarta geração. Em uma área de 10 hectares de uva, são cultivadas as variedades da Isabel, Moscato Embrapa, Carmem, Magna e Bordô, que chega a uma média de 300 toneladas por ano. A produção de pêssego vem de uma área de quatro hectares localizada no município de Nova Roma do Sul, com um volume de 100 toneladas por safra, das variedades de PS precoce e tardio e Chimarrita. A uva é entregue para a Cooperativa Nova Aliança e o pêssego é enviado para os mercados de São Paulo, Florianópolis e Santa Maria.

Luiz Girelli, 67 anos, nasceu próximo ao Rio das Antas, cerca de 5km de distância onde mora atualmente, desde que seu pai comprou a propriedade há 64 anos. Ele conta que por ser uma área acidentada, o trabalho era muito difícil para a família. Naquela época a família produzia trigo, milho e feijão para o sustento, além de um pequeno parreiral que rendia algumas toneladas de uva, que eram entregues para a antiga Cooperativa Linha Jacinto, absorvida pela Nova Aliança em 2010. Membro de uma família de quatro irmãos, Luiz e o outro irmão permanecem na propriedade paterna, enquanto as duas irmãs saíram. Uma reside na Vila Jansen e outra faleceu quando residia na cidade de Farroupilha.

Luiz conta que sempre preferiu ser agricultor, apesar dos preconceitos contra a categoria. “É uma profissão que agente não depende dos outros, a gente consegue se virar, depende de si mesmo, da sua qualidade. Eu nunca gostei de ser mandado, de trabalhar em firma, não, não, sempre pensei em ser agricultor”, orgulha-se. Outro sonho era ser gaiteiro, “eu escutava uma gaita, ou via alguém tocar uma gaita, eu era apaixonado por gaita, sempre gostei”, revela. O dom vem do seu avô que era gaiteiro, mas Luiz aprendeu observando outros músicos, sem conhecer uma nota musical sequer, nunca teve aulas. A família formou o grupo musical Kremony, integrado por Luiz e os filhos Diego, Márcio e Adriane, a neta Daiane e o genro Luam de Lima, que é o técnico de Som. O Kremony gravou um CD e já fez turnê animando bailes nos estados do Paraná e Santa Catarina. Por muitos anos, Luiz animou os turistas na Maria Fumaça em Bento Gonçalves até a pandemia do coronavírus. Apesar do cansaço das viagens, retornava para casa e seguia trabalhando nas parreiras e no pomar de pêssego.

Não foi a gaita e nem por ser agricultor de ofício, que fez Luiz conhecer sua esposa há 41 anos. Uma viagem de carretão (parte fabricado por ele próprio) até a capela Castro Alves, em Nova Roma do Sul, tinha como destino, um baile. Naquele dia ele resolveu ir à tarde para o bailado, mas por chegar cedo ficou circulando nas imediações do salão. No início da noite, Ivete Lovato (hoje, Ivete Lovato Gierelli), chegou acompanhada de amigas e familiares. Todavia, Luiz percebeu que junto havia uma moça, numa troca de olhares, os olhos brilharam para a pretendente e na reciprocidade sentiu que o coração dela também batia forte. Algo despertou no sentimento dos dois jovens e acabaram se casando, união que já dura 41 anos. A dificuldade econômica da época não foi empecilho para que Ivete “flechasse” o coração de Luiz, pelo contrário,  quando se conheceram melhor, ela soube da situação financeira, mas segundo elas aceitou enfrentar a “barra”.  Se foi por amor ou não, só eles podem afirmar, mas o fato é que Luiz evoluiu nos teclados de sua Todeschini, depois de casado.

Diego Girelli tem 34 anos, casado há dez anos com Marisa Girelli, são pais de Débora com cinco anos. Ele é um dos filhos de Luiz e Ivete e conheceu a esposa quando um irmão dela trabalhava com a família, depois de saber que tinha uma irmã, procurou conhecer Marisa e mais tarde se casaram. Hoje divide o tempo com Débora, Marisa e nas atividades no parreiral e na plantação de pêssego em Nova Roma. Ainda sobra algumas tardes da semana para animar os turistas na Maria Fumaça em Bento Gonçalves, ofício que herdou do pai. Diego é um dos gaiteiros do  musical Kremony, instrumento que também executa nos vagões com músicas gaúchas. O sonho de ser gaiteiro era tanto que ele começou aos seis anos de idade, mas nem conseguia segurar o instrumento, Luiz colocava a gaita em cima da cama e Diego se ajoelhava no assoalho e com as duas mãos alcançava os teclados e os baixos, para então conseguir tocar os primeiros acordes. Aos 15 anos já animava bailes.

Diego valoriza o fato de estar com a família, quando diz que trabalhar na agricultura e morar perto de quem gosta é muito prazeroso. O irmão Márcio Girelli é casado com Eliane Girelli e além de trabalhar com a uva e pêssego, ocupa um cargo no Conselho Administrativo da Cooperativa Nova Aliança. Márcio é pai de Daiane, que tem 18 anos de idade e canta na Banda e Samuel com seis anos. Adriane é filha de Luiz e Ivete e mora em Porto Alegre, onde trabalha como professora, é casada com o técnico da Banda Luam de Lima. As noras de Luiz e Ivete (Eliane e Marisa) também ajudam nas atividades diárias nos parreirais e na Câmara Fria da família. Diego estudou até o primeiro ano do 2º Grau, mas naquela ocasião descobriu que não era o que procurava, foi quando convidou o irmão para plantar pêssego e montar uma Câmara Fria. Segundo ele no início foi difícil, mas hoje vê que valeu a pena e projeta um futuro melhor na sequência do empreendimento.

COOPERATIVISMO

A família Girelli é cooperativada há mais de 60 anos e desde 2010 integra a Cooperativa Nova Aliança,  quando a Cooperativa Linha Jacinto, a qual fazia parte se extinguiu e aderiu uma nova proposta juntamente com a São Victor, São Pedro,  Santo Antônio e Aliança. Luiz fez parte, inclusive, da diretoria da Cooperativa Linha Jacinto por mais de 30 anos e na fusão era vice-presidente. As cinco organizações formaram a Cooperativa Nova Aliança, que se transferiu em 2014 da rua Matteo Gianella, no bairro Pio X em Caxias do Sul, para a rua Estrada Gerardo Santin Guarese Travessão, Estrada das Indústrias em Flores da Cunha. Ele conta que na época a diretoria juntamente com os associados entendeu que seria uma boa estratégia se unir, para se fortalecer e competir no mercado, decisão a qual comemora nos dias de hoje, pelo sucesso e o crescimento da Nova Aliança.

Ser sócio de uma cooperativa para Luiz Girelli é uma forma de garantir a safra e ter a certeza de que poderá plantar nas próximas safras. “Tu trabalha, você sabe que tem lugar para colocar teu produto, quando é de noite tu vai dormir e dorme, porque não precisa pensar, será que amanhã eles vão receber ainda a uva lá fora? e tu sempre com aquela dúvida, mas ai tu tem aquela tranquilidade, as vezes ganhando até um pouquinho menos, mas a segurança que você tem é sempre melhor”, testemunha.  Ele disse ainda que sempre indica para os agricultores a cooperativa, porque entende que é uma forma de se fortalecer e esse é o melhor caminho para a atividade, mas também aconselha lutar pelo direito dos cooperativados.

A nova fábrica começou sua operação com duas linhas de envase em embalagens de vidro, duas linhas para envase tetra pak e uma linha para envase bag-in-box e o que há de mais novo em processo produtivo para suco de uva. São mais de 700 famílias da Agricultura Familiar distribuídas em todo o estado todo do Rio Grande do Sul, com terras nas três principais regiões produtoras de uva: a Serra Gaúcha, a Campanha Gaúcha e a Serra do Sudeste do Estado.

Confira as fotos da propriedade da família Girelli:

Luiz Girelli faz o convite para acompanhar o programa:

 

PROGRAMA COMPLETO

PATROCINADORES

LNF Latino Americana – Atua nas indústrias de álcool de combustível e potável, açúcar, cerveja, sucos e nutrição através da Kera. Telefone (54) 2521-3124.

Livraria e Papelaria Paraná – Livros, brinquedos, material de escritório e tudo em material escolar. Rua Júlio de Castilhos, 734, em Farroupilha. Telefone 3261-3667.

Coopervil – Completa linha de insumos e defensivos agrícolas para a agricultura com orientação técnica. Rua Egídio Zamboni, 277. Telefone 3268-9373.

Costi Comércio de Tintas – A casa mais completa em tintas da cidade de Farroupilha. Na Júlio de Castilhos, 593. Telefone 3268-3681.

Cooperativa Nova Aliança – Da terra com o amor da nossa gente.

Fotos: Gleici Trois